terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Sin City - A Cidade Do Pecado (2005)

O Pecado Mora Aqui

"Sin City" é uma das maiores catástrofres do cinema recente! Não vou cair nesse lugar-comum de que obras como esta são "responsáveis pela morte do cinema", até porque me parece que uma afirmação deste género é de um completo absurdo e típica de quem não tem a sétima arte em grande conta. Contudo, reconheço que o filme de Robert Rodriguez tem poucos pontos fortes a seu favor. Destaco dois, desde já: o seu incrível visual noir, que é extremamente sexy e hiper-estilizado, enchendo o olho do espectador e, de tempos a tempos, sendo atacado por lampejos de cor; o outro grande trunfo é o elenco, que mesmo não tendo recursos dramáticos à sua disposição, bem tenta incutir algum "sal" às suas personagens (pena é que o filme não tenha este esforço em consideração). "Sin City" resulta da adaptação da banda desenhada de Frank Miller (que colaborou na produção do projecto) e centra-se em vinhetas de crime e violência extrema numa cidade de todos os pecados, onde os heróis e os criminosos se cruzam e onde o lado negro do ser humano parece prevalecer. É estranho (e também curioso) que um filme onde acontece tanta coisa consiga ser ao mesmo tempo redundante e enfadonho. "Sin City" esgota-se logo ao início no seu próprio simplismo narrativo e apenas pode contar com o estilo para levar a sua avante; aborrece de morte pelo facto de não ter qualquer "sumo" dramático (leia-se substância) que agarre a nossa atenção, resumindo-se apenas ao esquematismo de um conjunto de cenas de acção bem engendradas, mas desprovidas de alma. Não é como em "Kill Bill", em que incorporávamos a fúria interior da personagem de Uma Thurman e quase que rezávamos para que ela conseguisse sair ilesa da sua jornada de vingança. Aqui não há nenhuma personagem que cative e somos quase que abandonados à nossa própria sorte. O filme mais parece preocupado em funcionar como uma private joke para todos os envolvidos do que em contar uma história com pés e cabeças para o público. A obra de Robert Rodriguez resulta num filme inconsequente e sobrevalorizado, que apenas poderá ser visto como um projecto de vaidade ou como um sofrível exercício de estilo.


Classificação: 1/5

12 comentários:

Blueminerva disse...

Foi atribuído um galardão a este blog. Saiba mais no charco. Parabéns!
Um abraço

Anônimo disse...

como exercício de estilo não me parece propriamente sofrível, acho que até resulta visualmente bastante bem.

de resto ok, nada de muito transcendente, a história. ainda assim o mickey rourke está muito bem. é aquele que mais consegue aprofundar a personagem.

mas como ponto positivo eu destacaria o aparecimento da jessica alba. ;)

e a cena co-realizada pelo tarantino quando comparada com o restante universo "tarantiniano" é mais do mesmo, mas ao lado do resto do filme é brilhante.


um abraço.

Carlos M. Reis disse...

Eu confesso que adorei o filme, ainda para mais nas circustâncias que o vi - na tela gigante do Optimus Air, sentado num puff, com um cobertor em cima, e duas morenas de tirar a respiração a ladear-me. O que para ti foram pontos fracos, para mim foram pontos fortes. Mas percebo completamente a tua ideia ;) Um abraço CC!

P.R disse...

Ora aqui estamos de acordo!
Muito "bonito" mas vazio de conteudo!

Loot disse...

Tenho algumas opiniões divergentes em relação ao filme, mas no geral o saldo é positivo.

Como exercício de estilo achei muito interessante foi como ver uma BD ganhar vida na tela, o que acabou por ser também um ponto negativo no sentido que o filme não acrescentou nada é precisamente pegar na BD e colocá-la em formato vídeo, ou seja, eu que tinha lido todos os comics que possuíam aquelas estórias já sabia tudo o que ia acontecer porque até os diálogos e pensamentos são praticamente tirados do livro.

Quando a personagens cativantes acho que o Marv de Mickey Rourke estava fabuloso diria até perfeito.

Abraço

C. disse...

Acredito que esteja influenciada por ter lido a BD de Frank Miller, mas "Sin City", o filme, apesar de estar (muito) longe de ser uma obra-prima, vê-se bem.

FóMóiRé disse...

és um triste!!! o Sin City é um grande filme! Nota-se q n leste as grafic novels do Miller Só Pode!!! não são BDS... vê se acordas para vida... criticar sim... mas consubstanciado ok???
Muito Triste Mesmo!!!

Gonçalo Trindade disse...

Gostei, acho que é um bom exercício de estilo. Mas é como o Loot disse... é uma adaptação literal, e o Rodriguez pouco mérito tem. Mas no geral gostei... algo inevitável (como diz a Blues), já que sou fã assumido da BD. E sendo esta uma adaptação literal...

JB disse...

Pois tenho de dizer que estou em total desacordo contigo sobre este filme. Para mim funciona tudo, desde o visual do filme, aos actores/personagens, história/conteúdo, etc...
Para mim, uma das obras-primas do novo século.

5/5

Cataclismo Cerebral disse...

Lá está, apesar de não concordar contigo aceito a tua opinião. Aliás, aceito todas as opiniões, desde que sejam demonstradas na base do respeito ;)

Abraço!

Maria Tavares disse...

Também não concordo de todo com a critica ao filme.
Confesso que adorei o filme e é muito mas muito fiel à banda-desenhada, não tivesse Frank Miller participado nesse campo di filme.
É um filme que funciona desde o ambiente noir(não se poderia pedir uma escolha de ambiente mais perfeita, personagens fantásticas como o Marv (Michey Rourke), Dwight (Clive Owen) e Jackie Boy (Benico Del Toro), actores esses que fizeram a sua parte de forma irrepreensível.
Também acredito que o dedinho de Tarantino tenha ajudado na consumação desta obra, que na minha opinião é um dos melhores filmes do ano 2005, que foi altamente desprezado na corrida aos oscares.
Abraços!=)

Cataclismo Cerebral disse...

Olá Rosie!

A transposição do formato BD para uma linguagem cinematográfica é, na minha opnião, confrangedora. Não há aqui nenhuma sensação de ameaça, de inteligência ou de conteúdo. É bonito, mas inconsequente até mais não!

Abraço