quinta-feira, 5 de junho de 2008

The Island - A Ilha (2005)

Perigo Iminente

Parece que Michael Bay está apostado a cumprir um único objectivo enquanto realizador: registar a maior dose de caos por filme, como que a querer cumprir uma qualquer quota. Basta lembrar, por exemplo, as desventuras dos dois Bad Boys e Armageddon. É certo e sabido que os argumentos às ordens de Bay são uma mera desculpa para filmar a acção desbragada, onde a alta velocidade mais enjoativa é rainha e a destruição massiva de tudo o que surge à frente é uma realidade incontornável. O fogo de artifício está empre presente, as perseguições são inevitáveis e a sensação de vazio é uma certeza absoluta. Para não variar, A Ilha não foge muito a este enquadramento.

Desta vez o realizador quis alterar um pouco o rumo das coisas, ao ceder a um argumento um pouco mais trabalhado do que é costume. Mas o esforço não valeu de muito, já que A Ilha pega numa temática interessante - a clonagem e respectivas complexidades e consequências - mas está-se completamente a borrifar para o aprofundar da mesma. É inevitável: Bay não está aqui preocupado com o desenvolvimento narrativo, tal como nunca esteve em nenhum dos seus outros projectos. Ainda assim, este é bem capaz de ser o seu filme com mais "sumo", apesar de tudo.

Passemos ao que interessa: situada num local remoto, encontra-se uma instalação hi-tech de grande beleza e de ambiente asséptico, que acolhe um considerável número de habitantes. Esta população, devidamente controlada por autoridades superiores, é ocasionalmente alvo de uma lotaria interna que premeia um dos habitantes com a ida para o destino mais que desejado. A saber: a Ilha, o último local do Mundo que não se encontra infectado e que corresponde inteiramente à noção de paraíso. Todos esperam a sua vez para se mudarem de malas e bagagens para lá, mas o habitante Lincoln Six-Echo começa a desconfiar da natureza dessa viagem. Quando a verdade sobre as identidades dos moradores vem ao de cima, Lincoln e a sua amiga Jordan Two-Delta escapam do complexo e são perseguidos implacavelmente pela forças de controlo...

A Ilha conta com excelentes valores de produção, traduzidos em cenários altamente sofisticados e equipamentos luxuosos. Ao nível do visual é inegável que se trata de um filme apelativo, mas nem isso foi o suficiente para atrair o público. A enorme aplicação monetária neste projecto não foi recompensada com lucro nas bilheteiras. De facto, A Ilha foi um fiasco monumental, um daqueles tipos de veneno que de vez em quando ataca o box-office norte-americano. A escolha do elenco soou a estranho desde o início, mas foi uma clara tentativa de aplicar prestígio a um produto rotineiro. Scarlett Johansson (cuja fotogenia é aqui celebrada entusiasticamente) e Ewan McGregor, actores normalmente ligados a filmes de menor orçamento e de maior qualidade, vão bem nos seus papéis, se bem que não lhes seja pedido para fazer muito mais do que correr o tempo todo.

É uma pena que o filme, para além de se perder na escolha do tom, cometa o erro de confundir correria tresloucada com intensidade emocional. Com tanta confusão visual a disparar de todos os lados, chega a ser estranho que o aborrecimento irrompa, mas é isso que acontece. Sem nada de particularmente memorável, fica-se com mais um thriller de acção descartável, influenciado por obras do passado, muito bonito mas com um teor demasiado light para deixar mossa (embora se use de um tema social e moralmente polémico).


Classificação: 1/5

14 comentários:

Red Dust disse...

É pá... estás a lixar-me. Gravei-o ontem para vê-lo um destes dias. É assim tão, tão mau? Glup...

Abraço.

Anônimo disse...

Então, cansativo o filme, não? Para mim vale apenas pela beleza estonteante da Scarlett...

Abraço...

querercoisasimpossiveis disse...

Red Lust: não, não é assim tão mau, mas basta ver uma vez...

Carlos M. Reis disse...

Assinado por baixo.

Loot disse...

Como sempre as primeiras metades dos filmes de Bay são sempre mais interessantes que as metades finais, isto porque se perdem nas tais explosões que mencionas.

Uma pena porque gostava de ver este tema mais bem aprofundado, porque é algo que me interessa bastante. Podia ter sido algo verdadeiramente interessante e não foi.

mesmo assim não lhe daria 1.

Abraço

JB disse...

Realmente a primeira parte do filme promete, o pior é o que se lhe segue. De Michael Bay so mesmo "Armageddon" e "Bad Boys"...

Cataclismo Cerebral disse...

Red Dust: Não estava à espera que fosse tão mau, mas é...

o cara da locadora: Só mesmo ela é que impede o filme de implodir!

Querer coisas Impossíveis: Acho que realmente nunca mais o vou querer ver. Uma vez chega.

Knoxville: ;)

Loot: O tema também me interessa muito e devia estar louco quando pensei que o Bay pudesse aprofundar o argumento. A temática é mais uma desculpa para explodir coisas e perseguir alguém... Começa bem, mas cedo se percebem as intenções.

Blog da pipoca: Um bom arranque mas Bay não consegue abafar a sua obsessão por muito tempo. O resto é terreno conhecido...

Abraços

Unknown disse...

Sinceramente acho que o filme não é assim tão mau. Poderia ser infinitamente melhor mas nunca lhe dou 1/5. Ficaria me pelas duas estrelas.

Abraço

Anônimo disse...

Parece que só eu é que gostei, e bastante até. Dava-lhe 3,5/5 :/

Cataclismo Cerebral disse...

Fifeco: Está registada a opinião. Acho memso que o filme não tem qualidade suficiente para merecer 2 estrelas...

Gonn1000: Diversidade de opiniões é o que se quer ;)

Abraços

dianamatias disse...

Não é assim tão mau, mas também não é uma pérola.
É mesmo à Michael Bay, um tanto futurista, mas ainda com um grande caminho pela frente. Comete sempre os mesmos erros nas suas obras, tanto em termos de diálogo, como na complexidade das personagens.
Digamos que o conceito abordado é ambicioso, mas acaba por ser uma desilusão.
Denota-se, também, um realizador permaturo em Armageddon...

Cataclismo Cerebral disse...

Acho que nunca mais vou ver este filme, foi o sentimento com que fiquei. O Michael Bay nunca me convenceu e creio que nunca irá conseguir fazê-lo...

Abraço

JHB disse...

Enfim é Michael Bay e está tudo dito, nem sei porque o vi. Deve ter sido pela presença da Scarlett... Bem que me arrependo.

Acho que te podias ter estreado a dar zero (ou bolinha), ainda nunca deste, certo?

Cataclismo Cerebral disse...

A Scarlett é mesmo a melhor coisa do filme... Nunca dei zero, mas acho que num destes dias essa classificação irá surgir.

Abraço