segunda-feira, 30 de abril de 2007

Super Bock Super Rock

2º Acto - 5 de JULHO:

Interpol
Underworld
The Gossip
Scissor Sisters
TV on the Radio
X-Wife
Micro Audio Waves
Anselmo Ralph

Isto promete...

Pensamento do Dia

"A Vida é aquilo que acontece enquanto estamos a fazer planos". Grande John Lennon!

sábado, 28 de abril de 2007

Match Point (2005)

Eu Tenho Dois Amores...

Match Point é de facto um grande filme, mas discordo com a afirmação de que esta é a obra-prima da carreira de Woody Allen (peço desculpa, mas esse lugar só poderá ser ocupado pelo Annie Hall ou Manhattan). Mas confesso a minha admiração por este filme! A história gira em torno de Chris, um ex-tenista que se apaixona pela irmã de um recente amigo. Ela pertence a uma discreta e abastada família inglesa e rapidamente os planos para o casamento começam a borbulhar. O grande problema surgirá na pele de Nola Rice, a namorada do cunhado de Chris, uma americana a batalhar pelo seu sonho de se tornar actriz. Entre Chris e Nola criar-se-á um jogo de sedução, sexo e mentiras que culminará num conjunto de acções extremas. Match Point pauta-se por uma realização muito sóbria, um forte argumento e boas interpretações de um cast jovem que já deu inúmeras provas do seu talento. Quanto à narrativa, trata-se essencialmente de uma actualização das temáticas de dois filmes do próprio Woody Allen: Hannah and Her Sisters e Crimes and Misdemeanors. Apresentam-se ainda nuances da obra de Dostoievski, Crime and Punishment (relativamente à questão da culpa) e de The Talented Mr. Ripley (de Patricia Highsmith), no que toca ao arrivismo social e à ajuda do factor sorte. Esta é a primeira obra do realizador a ser filmada integralmente em Londres, o que muito contribui para a elegância e fotografia do filme. Depois, tem o acréscimo de contar com a participação dessa tentação ambulante que dá pelo nome de Scarlett Johansson. É um poderoso estudo sobre a obsessão e o negrume do lado amoroso e merece toda a nossa atenção!


Classificação: 4/5

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Gente Bonita... Not!

Não consigo perceber a partir de quando é que surgiu a expressão "gente bonita". Sei que a ouço sempre que se fala em festas do socialite, mas não a consigo compreender, até porque muita gente do socialite é bem feia! Será que o pessoal está a precisar urgentemente de óculos? Olarila...

Person Pitch, by Panda Bear


Chegou-me hoje aos ouvidos o novo disco de Noah Lennox (aka Panda Bear), de seu nome "Person Pitch" e devo dizer que é um elixir para a alma. É uma obra incrivelmente experimental, com um pequeno sabor a música religiosa. Pormenor interessante: Noah vive actualmente em Lisboa, com mulher e filha. O disco, esse, é a descobrir urgentemente!

terça-feira, 24 de abril de 2007

Decidam-se!

A propósito da polémica licenciatura de José Socrates, tem circulado cada vez mais a expressão "ele quis ser Doutor num País de Doutores". What? Primeiro, diz-se que o país só evolui se houver pessoal qualificado e uma boa base educativa. Infelizmente, Portugal está bastante mal nesta última categoria, já que, a nível europeu, se encontra entre os países com maior taxa de abandono e insucesso escolar. Acho conveniente ressalvar que não tenho nada contra quem não prossegue os estudos: aliás, muito boa gente não os continua porque não lhes é economicamente possível. No entanto, acho rídiculo os analistas económicos e outros mortais queixarem-se que a nossa "inteligentzia" está a sair de Portugal à procura de melhores condições de trabalho e, ao mesmo tempo, que estamos num "País de Doutores". Abandono escolar, insucesso escolar,... será que estamos mesmo num país assim?! É que não parece nada!

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Álbum da Semana: Funeral, by Arcade Fire


Quem olhar para o título do álbum, pode pensar que vai encontrar uma tónica algo negra, depressiva, mas a verdade é que este "Funeral" se revela altamente luminoso, atmosférico e enérgico. Atenção, pois esta bela banda põe os pés em terras lusas dia 3 de Julho, no Super Bock Super Rock.

Cabo Verde: O Agora e Sempre...




Tenho de confessar que admiro muito a obra do Kiki Lima. Descobri alguns dos seus quadros numa loja no Colombo e fiquei fã desde logo. Agrada-me que este pintor Cabo Verdeano se inspire nas suas raízes e no seu povo para traçar um justo retrato sócio-cultural do seu país. As cores utilizadas remetem-nos imediatamente para o nosso imaginário de como será Cabo Verde; quanto às pessoas retratadas, Kiki muitas vezes as pinta enquanto representantes de um determinado tipo de comércio característico em Cabo Verde. As figuras tendem a ser algo abstractas, creio que para acentuar a intemporalidade do povo cabo verdeano e das suas condições económicas e sociais, mas todos os quadros espelham um "feel good", despretensiosismo e um orgulho que raras vezes se vê neste tipo de arte.

domingo, 22 de abril de 2007

Música Mesmo Irritante: Parte II

Mais uma música que tenho que desligar sempre que começa: "Candyman", da Christina Aguilera. Ainda por cima o videoclip apresenta 3 Christinas: a loira, a morena e a ruiva. Se uma irrita muita gente, já 3 é que é o verdadeiro cataclismo...

To be continued...

PORTUGAL EMPIRE




Estava em pulgas para ver a nova obra-prima do David Lynch, "INLAND EMPIRE" (sim, o mestre quer que se escreva o título com letras maiúsculas...), quando me deparo com uma triste realidade: o filme estreou em pouquíssimas salas. Parece que para o poder ver tenho de percorrer quilómetros, o que acaba por ser logo um turn off. Mas já se calculava que seria assim!Afinal de contas, são raras as pessoas que estão dispostas a assistir a quase 3 horas de devaneio visual e poético que, no entanto, deve conter tanto "sumo" dramático e tanta lógica. Bem, mais uma vez lá terei de esperar pelo DVD...

A Espiral da Decadência

Porque é que os electrodomésticos se avariam todos ao mesmo tempo? Primeiro a máquina de lavar roupa, agora o frigorífico... Parece uma estirpe que se vai apoderando dos aparelhos. Maldição!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Tcharannnnnnnnn!!!!

Só posso dar graças a Deus por ter televisão por cabo! Digo isto porque, após uma breve passagem pelos canais generalistas no período da tarde, não posso deixar de constatar (mais uma vez!) o quão deprimente é a programação nesse horário. Seja o "Contacto" ou as "Tardes de Júlia", a verdade é que a insignificância mora na Tv Portuguesa. No "Contacto", por exemplo, os apresentadores cantam de forma a incentivar os telespectadores a telefonar e a participar no jogo do Dominó; por seu turno, a Júlia Pinheiro realça no seu programa que se alguém quer terminar uma relação e não sabe bem como, então deve contactar o programa que eles tratam de tudo! Bloody Hell... Mas será que já nada é sagrado? Vale tudo, menos arrancar olhos? Quando era pequeno, ao ver algo muito constrangedor na tv, escondia automaticamente a cara numa almofada. Esse sentimento do passado reapareceu hoje!

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Pobre Grace Kelly!

Como eu detesto a música "Grace Kelly", de um tal Mika. Simplesmente irritante...

quarta-feira, 18 de abril de 2007


O Indie Lisboa está aí e as propostas são animadoras: o novo de Hal Hartley ("Fay Grim"), "The Hottest State" (do actor Ethan Hawke), "Angel", de François Ozon (que realizou, entre outros, o "Sob a Areia" e "Swimming Pool") e, acima de tudo, o novo projecto de Richard Linklater: "A Scanner Darkly", com Keanu Reeves, Winona Ryder e Woody Harrelson, que aplica novamente a técnica de animação que já havia utilizado em 2001 para o seu filme "Waking Life". Num cinema perto de si... ou talvez nem por isso!

American Gun


Começa a ser extremamente evidente (e brutal!) o caos que é a política americana no que diz respeito à posse de armas! Mais um crime horrendo foi cometido nos EUA devido à liberdade de acesso a esse tipo de objectos. Segundo a lei que se aplica nesse país, qualquer pessoa, independentemente do seu estado mental ou da sua pouca idade, tem o DIREITO de possuir uma arma. Cada vez mais aconselho o visionamento do documentário do Michael Moore, "Bowling For Columbine", que reflecte sobre a cultura americana contemporânea, relativamente à sua relação com as armas e a violência. Completamente obrigatório!

Livro da Semana: Cem Anos de Solidão


Esta obra de Gabriel García Marquez vai ser a paragem obrigatória desta semana. Estou com expectativas elevadas, portanto espero não me desapontar...

Estas tragédias familiares costumam ser interessantes, tratando de temas tabu, portanto já é meio caminho andado para ser uma obra- prima.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Tão "Perdidos" que eles andam...


A série Perdidos viciou-me durante algum tempo. Nunca perdi um episódio da 2ª série, porque admirava a hábil construção do suspense, a caracterização das personagens e todo aquele visual cinematográfico. Mas a verdade é que esta 3ª vaga começou de forma desastrosa. Acho até que se pode aplicar convenientemente a expressão "encher chouriços". A meu ver, os argumentistas estão a começar a meter os pés pelas mãos e a perder o fio à meada, tudo para que a série se prolongue. Sempre fui da opinião que os projectos devem terminar no momento certo e que nunca se deve esticar demasiado a corda, mas parece que os Perdidos estão a seguir na corrente contrária. Só espero é que os próximos episódios voltem a um rumo mais interessante e que esta fase inicial tenha sido apenas um erro de percalço.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Prós e Contras

"O que valem as privadas?" é o agressivo título do tema de hoje do programa Prós e Contras.
Devo confessar que estou muito curioso por vê-lo, mas por outro lado receio a generalização que o programa possa veicular relativamente às universidades privadas, devido às recentes polémicas. Eu estudei numa: em consenso familiar, decidimos apostar nessa alternativa, uma vez que não consegui entrar por via do ensino público. Pesquisei muitos pólos universitários em que se leccionasse Publicidade e decidi apostar no INP (Instituto Superior de Novas Profissões), pois é das faculdade com maior "quota de mercado" e mérito em termos do curso de Publicidade. Como costumo dizer, a brincar, que foi uma espécie de "aposta familiar": eu cooperei tentando aplicar-me ao máximo nos estudos; os meus pais ajudaram-me na parte financeira. O curso não foi mais fácil por ter sido privado, longe disso. Mas a verdade é que a mentalidade portuguesa adora generalizar as situações, é sempre mais fácil encaixar os assuntos em "gavetas" ou rótulos e soltar os espalhafatosos clichés. O meu receio é que, nos próximos tempos, se crie um estigma em torno de quem estudou em instituições privadas e, por isso, as hipóteses no mercado de trabalho diminuam drasticamente... Isso não só é extremamente redutor como também irremediavelmente estúpido!Bem, esta noite vou seguir o programa e esperar para ver.

Este nem tão cedo vai sair da memória! É colossal, soberbo e tantos outros adjectivos pomposos...

Solsbury Hill, by Peter Gabriel

Hoje acordei com esta música na mente... Nada mau hein?

"Climbing up on solsbury hill
I could see the city light
Wind was blowing, time stood still
Eagle flew out of the night"

...

"I did not believe the information
Just had to trust imagination
My heart was going boom boom, boom
Son, he said, grab your things, Ive come to take you home"

domingo, 15 de abril de 2007

Sweet Made Shit!


Minha nossa, como eu detesto estes programas da MTV! Seja o inenarrável "Sweet 16" ou o "Made", a verdade é que este tipo de conteúdos me deixam a pensar que tipo de gerações estão a florescer nos EUA. O que eu resumo destes Tv shows é que os adolescentes americanos vivem simplesmente para parties, "proms" e para comportamentos de diva. Para além de que estão praticamente dispostos a tudo para serem... populares! O pior é que os pais geralmente acham muita piada, ficam orgulhosos dos seus petizes e gastam fortunas com excentricidades. Programas destes nuncam mais me vão passar pela vista, porque simplesmente deixam-me doente.

sábado, 14 de abril de 2007

Quem dá mais...?


Já não sei o que fazer... Nem eu nem a minha irmã! Quase de certeza que vamos ao Creamfields, mas agora olhámos bem para o cartaz do Super Bock Super Rock e torna-se quase impossível resistir ao dia 5 de Julho: Underworld, banda que muito prezo há bastante tempo, Interpol e Scissor Sisters (que não sou grande fã, mas não faz mal...). Acho que temos de parar, pensar e decidir com calma senão perdemos as estribeiras. A tentação este ano é grande... na proporção inversa à conta bancária :(

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Disco da Semana: Pocket Symphony, Air


Mas que belo álbum! Com uma simplicidade desarmante, este novo projecto dos Air parece saído de qualquer um desses espaços de Chill Out, que são exibidos no late night da Vh1. Como estou sempre a dizer, os Air constrõem obras que são óptimas para acompanhar um bom jantar e boas conversas entre amigos, e, mais uma vez, este disco não é excepção. O sopro oriental aqui presente é a solução mais eficaz para entrarmos num puro estado zen. O despretensiosismo e a leveza fazem o resto. O álbum já tenho, os amigos também, o jantar arranja-se, só me falta mesmo é a casa... God damn it!

I Survived Fnac!!!


Ontem fui até Lisboa e lá me "perdi" nesse antro do consumo que dá pelo nome de Fnac. É estranho que um local com um ar tão amistoso se revele, afinal, um dos meus piores inimigos: quando lá entro, começo logo a sentir-me invadido por aquele sentimento de que tenho de sair de com qualquer coisa!É como se a loja em si me confrontasse com os meus demónios do consumo... E é engraçado reparar que não sou o único: vejo lá sempre alguém com um comportamento idêntico ao meu, com dúvidas sobre o que comprar devido à tentação da oferta! Fico a pensar que a estratégia de Marketing e Publicidade daquela instituição deve ser das mais conseguidas, visto que me desperta instintos que não revelo noutro lado... Mas ontem algo de inédito aconteceu: saí de lá sem realizar qualquer compra! Mas bem que tive tentado a trazer o "The Proposition" (que estava à venda por €9!!!), do qual já ouvi maravilhas. Lá terá de ficar para uma próxima visita...

Friday, the 13th

Quando penso em sextas - feira 13 imagino logo um daqueles dias sombrios, de certa forma misteriosos, em que se calhar as coisas não vão correr pelo melhor. Nada de mais errado: são dias iguais aos outros e nunca me lembro de nada de mal ter acontecido. Hoje então não se poderia estar mais no pólo oposto daquilo que o dia significa: está um dia belíssimo, solarengo e só dá vontade de ocupar o tempo a dar passeatas e a beber umas bebidas refrescantes. Se é suposto as sextas - feira 13 serem assim, então que venham elas!!!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

The Straight Story - Uma História Simples (1999)

O Elogio da Maturidade

Esta manhã lá me deliciei a rever esta pérola realizada por David Lynch. O filme é uma espécie de fábula campestre que retrata acontecimentos verídicos, mais precisamente a viagem que Alvin Straight realizou em 1994 (aos 73 anos de idade), do Iowa para o Wisconsin. O que este senhor fez foi, simplesmente, encetar uma odisseia de mais de 500 quilómetros, num cortador de relva de 1966, viagem essa que demorou cerca de 2 meses a concluir. Tudo porque queria cumprir sozinho o objectivo de se reconciliar com o seu irmão moribundo, com quem já não falava há cerca de 10 anos. "The Straight Story" pode ser visto como um olhar ternurento sobre a América profunda, sobre a mentalidade que aí reina e que tinha sido alvo de observação (e crítica) por parte do realizador aquando do filme "Blue Velvet" e da série "Twin Peaks". Atente-se no double meaning do título original, que é delicioso: por um lado, refere-se à história de Alvin Straight e, por outro, à própria narrativa do filme que é muito recta (straight), tal como a viagem em si. É uma obra solarenga, sobre a maturidade, a capacidade de perdoar e, acima de tudo, sobre a auto-determinação. Acaba por ser também um dos filmes mais "acessíveis" de Lynch, visto que o argumento é muito linear e consegue fugir aos códigos surreais que costumam imperar na obra do realizador. "The Straight Story" marca passo como uma das pérolas da filmografia deste poeta visual.


Classificação: 5/5

Código, Codex...

Sem querer cair no risco de me repetir, a verdade é que outra moda chegou também aos livros e documentários televisivos: a inclusão da palavra "Código" ou derivados nos títulos de qualquer uma destas obras. Actualmente, tudo o que tenha uma temática religiosa e se proponha a desvendar (?) algumas curiosidades é automaticamente apelidado de Código para atrair a atenção do público. Chega-se a um ponto em que parece que já não há diferenciação entre os vários conteúdos e que tudo é feito para aproveitar a febre do livro do Dan Brown e, assim, gerar lucro fácil. O que é demais acaba por enjoar...

terça-feira, 10 de abril de 2007

Placebo no Creamfields


Sim, pelos vistos os Placebo vêm a Portugal novamente e desta vez não os posso perder... Dê por onde der... Dia 19 de Maio, no Creamfields (Parque da Bela Vista)

Requiem For A Dream - A Vida Não É Um Sonho (2000)

Sonhos Desfeitos

Este electrizante filme possui a inusitada capacidade de me deprimir de cada vez que o vejo (e não é fácil que algo me afecte de forma tão devastadora). Trata-se de uma obra de cunho independente, realizada pelo excelente Darren Aronofsky, que em Portugal foi lançada directamente em DVD, porque acreditava-se que não iria ter sucesso comercial se fosse exibido para o grande público nas salas de cinema. A verdade é que esta condição mais ou menos marginal fez com que o filme ganhasse uma chancela de culto, atirando o seu realizador para o conhecimento cinéfilo internacional e tornando-o numa espécie de nova esperança para o futuro cinema americano de qualidade.

Requiem For a Dream é considerado por muitos como mais um filme que se dedica a escalpelizar os efeitos perversos do uso de drogas, mas essa visão é ao mesmo tempo redutora e cruel, pois não não faz justiça à riqueza temática e à complexidade emocional do todo. Antes de mais, este é sim um filme que espelha as várias faces do "vício" (seja o vício por drogas, comida, o "vício" da busca da felicidade, da concretização de um sonho, de querer agradar a quem nos ama e também de obter desesperadamente uma imagem que ficou perdida no tempo), mas sem nunca descambar em determinismos morais que possam descurar a relevância humana das suas personagens.

A história centra-se em quatro pessoas que vivem na ânsia de algo mais e é essa sofreguidão que acabará por conduzi-las numa espiral de decadência e dependência, na qual poderá ser difícil encontrar a luz ao fundo do túnel. Uma mãe, o seu filho, a namorada deste e o grande amigo são os seres desprotegidos de Requiem For a Dream, que se encontram à deriva num mar de tentações que se cruza indelevelmente com os seus objectivos mais imediatos. Estas almas parecem não ter direito à redenção ou a uma segunda hipótese, por mais que lutem para combater os seus fantasmas interiores. A mãe, ao ser seleccionada para participar no seu concurso televisivo de eleição, começa a consumir regularmente um colorido cocktail de comprimidos de emagrecimento, tudo para poder recuperar uma forma física que lhe permita usar um vestido vermelho de outros tempos; o filho, a namorada deste e o amigo do casal vivem diariamente em pleno marasmo, entrando e saindo de maroscas com a finalidade de angariar fundos que lhes sustentem o vício e que lhes financiem os seus projectos algo ambiciosos.

Este objecto cinematográfico extremo não apresenta quaisquer limites no que diz respeito ao conceito de choque, abalando até a alma mais imperturbável. No entanto, e apesar de todo o tormento emocional que ferve no seu âmago, o filme destila uma aura onírica que entra em contraponto com a dura realidade que encerra. Porque até numa descida vertiginosa ao Inferno é possível encontrar um recanto de Paz. O elenco é sem dúvida um dos trunfos que se rege pela excelência artística. O inevitável destaque vai para as duas senhoras, Ellen Burstyn e Jennifer Connelly, que são simplesmente assombrosas, revelando garra e determinação no abraçar de papéis arriscados que são raros no painel hollywoodesco e poucas vezes concedidos a intérpretes femininas. A primeira, uma veterana do cinema mais clássico, viu o seu desempenho ser nomeado para o Óscar de Melhor Actriz Principal; a segunda, é muito provavelmente uma das melhores actrizes da sua geração, que alia a imensa beleza a uma amplitude dramática de excepção. AO meu conselho é que descubram esta obra poderosa urgentemente, nem que seja em qualquer clube de vídeo manhoso. E que a vejam quando estiverem com a moral para cima!


Classificação: 5/5

Portugal, Um Retrato Social

Ora cá está uma série de documentários que representa aquilo que melhor se faz na televisão portuguesa. Com uma seriedade cativante e sem recorrer a nenhum tipo de discurso demagógico, esta produção de António Barreto reflecte sobre a vida no Portugal contemporâneo, em contraponto com o Portugal de há 30/40 anos. É exibido na RTP1, em horário nobre, e é extremamente eficaz no retrato de todos os quadrantes da vida portuguesa (política, social,cultural,...) ao longo das décadas. Para além de ser muito bem filmado (a fotografia é linda...), a narração confere um estatuto de excelência e sobriedade que, infelizmente, é raro no panorama televisivo. Não sei como estão as audiências a corresponder a este maravilhoso trabalho, mas a verdade é que esta mestria tem de ser editada em DVD, dê por onde der!

O (In)Sucesso da Informação

Estou um pouco preocupado com o rumo da informação no nosso país... Cada vez mais me convenço que as notícias, para vingarem, têm de se reduzir a siglas: OPA's, SAP's, ... É como se os media tivessem que formatar as notícias de forma a captar a atenção do público. Como todas as modas, esta acabará eventualmente por passar, mas até lá teremos de assimilar todos estes diminutivos. Desde que não se ponham a inventar mais...