quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

The Darjeeling Limited (2007)

União De Sangue

Começo por confessar que simpatizo com a obra de Wes Anderson, embora ainda me falte ver um filme do realizador que me arrebate por completo. Admiro, sobretudo, a sua capacidade de inspeccionar os dramas íntimos dos elos familiares sem nunca abdicar do seu característico tom de comédia melodramática, passando assim por "locais" tão contrastantes como a melancolia, o sarcasmo, o humor seco e a angústia existencial. "The Darjeeling Limited", não sendo genial, resulta num filme honesto e bonito, com sinceras intenções de retratar um trio de irmãos em busca de tranquilidade espiritual e aconchego maternal, após a morte do pai há um ano. Francis, Peter e Jack constituem o clã Whitman, que deposita na viagem à Índia uma esperança de reinventar o amor fraterno que os une, mas que estranhamente os separou nos últimos tempos. As suas personalidades são diferentes, no entanto guiam-se pela mesma estrada da complicação: Jack, o mais novo, é o rei nas indecisões amorosas e um esforçado escritor; Peter possui um lado influenciável e está a tentar lidar com o facto de ir ser pai brevemente; Francis é o controlador nato, com a face desfeita e um dente lixado após um recente acidente. Para essa odisseia do espírito eles vão apoiar-se na ajuda de um comboio apinhado (o Darjeeling Limited do título), que incansavelmente atravessa o país e que poderá ser a solução para os conduzir ao seu objectivo, ou seja, a paz merecida e o reencontro desejado com a mãe, que se tornou uma espécie de freira eremita. Durante o percurso mais que extenuante há tempo para contactar com as gentes, com a cultura e para pôr as conversas em dia, se bem que nem todas sejam amigáveis. A grande reviravolta dá-se quando os três são expulsos do transporte e se vêem perante a dificuldade de continuar a viagem, ao mesmo tempo que se deparam com uma situação trágica que lhes servirá de terapia de choque, fazendo com que ponham ainda mais em causa os fios da sua parca estrutura familiar. Wes Anderson revela-se hábil na ilustração dos bons sentimentos que inundam as suas personagens e na captação de uma Índia cromática e caótica, que no entanto não deixa de ser atractiva e que não se resume apenas a postal turístico. Mesmo que falte mais desenvolvimento humano, "The Darjeeling Limited" cumpre aquilo a que se propõe, resultando numa obra sedutora, dinâmica e cativante.

Antes do filme, é exibida a curta-metragem "Hotel Chevalier", em que a personagem de Jason Schwartzman se reencontra com a ex-namorada (Natalie Portman) num luxuoso quarto de hotel. Sexy, divertida e com uma curiosa banda-sonora.


Classificação: 3/5

8 comentários:

Luís A. disse...

eu confesso: para mim wes anderson é a par de pt anderson um dos grandes nomes do cinema contemporâneo. pela tua descrição este seu novo filme promete. agora só 3 estrelas ?

abraço:)

Cataclismo Cerebral disse...

Sim, é um filme muito simpático, mas não consigo dar-lhe melhor classificação. Ainda assim não é nada para se desprezar. E aquela curta é um portento...

Abraço!

Maria del Sol disse...

Quero TANTO ver este filme. E não sei se terei paciência suficiente para esperar até sair em dvd. O argumento promete ;)

Gonçalo Trindade disse...

"The Darjeeling Limited", não sendo genial, resulta num filme honesto e bonito"

Honesto e bonito? Hmm estou à espera de mais do (deste) Anderson. Dividiu um pouco a crítica... tenho expectativas altas, a ver se não me desaponto...

Um abraço!

Anônimo disse...

tenho curiosidade em ver. acho que ia gostar. raios parta a onda de bons filmes q nca mais acaba!


:)

bjos amigo ***

Cataclismo Cerebral disse...

Maria: Vale bem a pena uma ida ao cinema, isso vale... Está longe de ser um mau filme!

Gonçalo: Eu fui sem expectativas e gostei, se bem que não o tenha amado. Aconselho o visonamento, é uma obra bem agradável :)

Curse: O filme entretém bem e dá para soltar algumas gargalhadas, enquanto somos tocados pela sua emotividade. Recomendo uma ida às salas. Sim, a escolha agora é mais que muita.

Abraços

Anônimo disse...

metade desta critica é a contar a historia do filme, logo num blog que já me habituou a tão boas criticas. Se tivesse quatro estrelas acho que não ofendia ninguém, pelo menos achei mais interessante que o Juno. Bem haja

Cataclismo Cerebral disse...

Peço desculpa Anónimo, mas não estou a desvendar nada que já não tenha sido dito na imprensa nacional. Gostei deste filmen na medida em que gostei de Juno.

Abraço!