domingo, 6 de maio de 2007

The Interpreter - A Intérprete (2005)

Teoria Da Conspiração

Filmes como este "A Intérprete" , de Sydney Pollack, são raros nos dias que correm. Trata-se de um sofisticado thriller político, reminiscente do período clássico americano dos anos 70, com duas belas interpretações de Nicole Kidman e Sean Penn. A história circunda uma bela intérprete das Nações Unidas, Silvia Broome, que se depara com uma conspiração que visa assassinar um controverso presidente de um país africano. Ela escuta esses planos em plena Assembleia-Geral e, repentinamente, torna-se um alvo a abater. A única pessoa que a poderá ajudar é um atormentado inspector policial, mas mesmo ele tem algumas reservas quanto à inocência e ao percurso pessoal de Silvia. "A Intérprete" é um excelente exemplo da arte do storytelling e resulta num exercício formal extremamente competente e elegante (não seria de esperar outro resultado vindo de Pollack, que conhece bem as "técnicas" por detrás deste género). A narrativa prima por nuances muito depressivas e de desencanto, não só referentes à história individual dos seus protagonistas, mas também à verificação das inúmeras manobras de diversão que ocorrem no mundo da política (onde o poder da palavra/diálogo já não é, por si só, suficiente para a cooperação e harmonia entre os Estados). É precisamente neste ponto que reside a mais valia do filme: mais do que as sequências ditas de acção, o que ganha relevância em "A Intérprete" são os confrontos verbais, que conseguem ser fulcrais e comoventes. É um facto que este género de filme não é muito apelativo à camada mais jovem (infelizmente...), mas quem aprecia minimamente a união do thriller intenso com a política global não sairá de todo defraudado. É o tipo de entretenimento inteligente, que tem capacidade de envolver o espectador e ao mesmo tempo dar que pensar. Aplauda-se acima de tudo a decisão de um não-envolvimento romântico entre as personagens principais, pois isso trairia o espírito da obra e cairia no mais comum dos clichés. Assim, o que se ganha é um filme com uma imensa maturidade e com a sensibilidade suficiente para realizar uma radiografia honesta à realidade de diversas áreas da sociedade actual.


Classificação: 4/5

3 comentários:

Rocha de Sousa disse...

Obrigado por ter aparecido pelo
«Desenhamento». Vim para esclarecer
um ponto mas atraíu-me o seu texto
sobre o filme de Pollak, cuja análise me pareceu bem focada, sus-
citando questões pertinentes de forma e de fundo.
Sobre o seu comentário ao «post» em que usei uma fotografia cuja autoria não vinha assinalada. Só que o que publiquei é um recorte mínimo de um enquadramento maior,
muito maior. Havia uma parabólica à esquerda, em primeiro plano e não
há portanto a situação de «pernas para o ar» de que você fala, porventura de um outro caso. Este não é, de certeza.
Um abraço.
Rocha de Sousa

Cataclismo Cerebral disse...

Obrigado pelo post. Devo ter feito confusão então; a foto que vi era terrivelmente igual a essa e punha em causa a questão de que falei.

Abraço

Pedro Duarte disse...

Mais 1 q não vi :S