quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Bug (2005)

Vidas De Insecto

Saúda-se o regresso do realizador William Friedkin ("O Exorcista", "Os Incorruptíveis Contra a Droga") à boa forma. É natural que este "Bug", um interessante thriller psicológico, passe algo despercebido aos olhares do público, já que a avalanche de blockbusters que invade as salas é enorme. Mas tal facto não impede que estejamos perante um óptimo filme, radicalmente diferente de tudo o que vimos nos últimos tempos. Partindo da peça teatral de Tracy Letts, que foi um sucesso off-Broadway, constrói-se um cenário perfeito para o estudo da paranóia, da persuasão, manipulação e alucinação. A premissa é directa e intrigante: Agnes é uma mulher com um passado tenebroso que leva uma vida solitária, angustiante e com bastante receio do ex-marido que acabou de sair da prisão, em liberdade condicional. Ela trabalha num bar e conhece Peter (um veterano da Guerra do Golfo) por intermédio de uma amiga, simpatizando logo com ele. Agnes acaba por receber Peter no seu modesto quarto de motel e a relação desenvolve-se. Peter tem uma personalidade calma e bastante peculiar, mas algo diz que a ameaça está latente. A situação destas duas pessoas entrará numa espiral de loucura e teorias da conspiração a partir do momento em que Peter jura que está infectado por "insectos", supostamente por culpa do governo americano. O isolamento torna-se a única opção e a auto-mutilação uma realidade. O cenário do filme é constituído inteiramente pelo quarto de motel (excepto uma cena no bar onde Agnes trabalha) e as personagens resumem-se a 5. Sente-se sempre a inspiração teatral (o que é bom), quanto mais não seja pela intensidade dramática e pelo claustrofóbico espaço de acção. Mas a verdade é que a caracterização das personagens é profunda, o argumento tem uma elevada qualidade e os diálogos estão muito bem elaborados. Acreditamos sempre nas acções e "demência" daquelas duas pessoas, nunca nos soando a falsidade ou precipitação de comportamentos, porque ambos são a personificação da instabilidade emocional. É ainda um prazer ver Ashley Judd regressar aos bons papéis, podendo reafirmar toda a sua versatilidade, enquanto Michael Shannon (que interpreta Peter) retoma o seu papel da famosa peça teatral.

Classificação: 4/5


4 comentários:

Betty Coltrane disse...

Bem, parece mesmo muito bom!!!!! =)

Sempre viste os dois filmes?


beijão!

woman feelings disse...

It´s show time!!!

Carlos Pereira disse...

Bug arrisca loucura num mundo que quer apenas histórias tantas vezes contadas (e contadas da mesma forma, o que é ainda mais preocupante). Só por isso, deveria ser tido em conta. Mas Bug é muito mais, é um filme que resulta na sua obsessão pelas imagens e na idealização de um espaço. Claustrofóbico, louco, e uma das melhores surpresas do ano.

Abraço

Cataclismo Cerebral disse...

Betty: Paranóia é a descrição exacta para este filme. Fiquei-me só pelo Bug.

Woman Feelings: Yeahhhhh :P

Carlos: Disseste tudo o que penso. Nem mais...

Bjs e abraço