terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Zodiac (2007)

Identidade Desconhecida

"Zodiac", mais um passo em frente na ilustre carreira do talentoso realizador David Fincher, baseia-se em factos reais e descreve a interminável jornada de descoberta da identidade de um serial-killer que aterrorizou a Califórnia durante décadas. O assassino, que se auto-intitulava Zodiac, mantinha uma estreita relação com jornalistas e detectives através de cartas que continham cifras e pistas. O filme centra-se particularmente nas acções de três homens que tudo fizeram para o capturar: um destemido jornalista, o seu colega de ofício (um jovem cartoonista) e ainda um detective da polícia. Juntos, estes homens dedicaram as suas vidas e carreiras à descoberta da identidade daquele assassino. "Zodiac" é uma rigorosa análise à obsessão e à metodologia que sempre acompanharam aqueles homens e caracteriza-se por uma reconstituição de época simplesmente admirável. A realização de Fincher é sempre segura e nunca desaponta, se bem que aqui esteja mais contida e escorreita (mas a intensa narrativa só poderia conduzir a esta opção). O argumento é muito complexo e denso, exigindo uma grande disponibilidade e entrega por parte do espectador, tal é a quantidade de informação a assimilar. Mas ao pedir esse esforço ao espectador, "Zodiac" faz com que este anseie pela resolução deste puzzle tão enigmático. Por momentos, escutam-se ecos da estrutura e métodos dos thrillers políticos dos anos 70, uma vez que o enfoque nas personagens e nas suas esferas de acção é enorme. O filme está cronologicamente muito bem arrumado e a atmosfera torna-se soturna em determinadas alturas, contribuindo para um certo clima de tensão e mau-estar (conceitos que, aliás, sempre estiveram presentes na filmografia do realizador). Curiosa é a forte componente musical, que surge aqui como que a acentuar alguns aspectos narrativos e a própria obsessão das personagens. Do elenco destacam-se as interpretações de Mark Ruffalo, Jake Gyllenhaal e Robert Downey Jr., excelentes actores que se encontram aqui em grande forma a defender os seus papéis. No caso de Robert Downey, registe-se como curiosidade o facto da sua personagem transparecer alguns dos hábitos que circundaram o actor no seu passado desregrado. "Zodiac" é um belíssimo filme e sem sombra de dúvida que merece estar nas listas dos melhores do ano.


Classificação: 4,5/5


6 comentários:

Gonçalo Trindade disse...

"Zodiac" é um belíssimo filme e sem sombra de dúvida que merece estar nas listas dos melhores do ano."

Inteiramente de acordo. Um filme magnífico onde reina a meticulosa (ainda que, como bem dizes, mais reservada)realização de Fincher. Sem dúvida um dos melhores do ano.

Loot disse...

Também foi dos meus preferidos deste ano, um grande filme sem dúvida.

JHB disse...

Vou só dizer mais uma vez o que disseste, sem dúvida um dos melhores do ano, com um intenso toque de noir. Adoro principalmente o desempenho de Robert Downey Jr..
É também já o segundo no meu "top David Fincher" só ultrapassado por Fight Club.

Cataclismo Cerebral disse...

Gonçalo: Seja em que filme for, David Fincher consegue sempre deixar transparecer a sua marca autoral.

Loot: É mesmo uma grande obra ;)

Jhb: É um excelente filme que bebe muitas das influências dos thrillers da década de 70. E o elenco é muito consistente :)

Abraços

Blueminerva disse...

De um realizador obsessivo, só podia surgir um filme sobre várias obsessões.
David Fincher é de facto um realizador talentoso, e em "Zodiac" revela todo o seu perfeccionismo.
David Fincher consegue com o seu "Zodic", agarrar o espectador desde o primeiro minuto. Para tal, contribuiu uma reconstrução imaculada dos anos 70, uma fotografia belíssima, uma narrativa muito bem desenvolvida, uma magistral realização e um elenco de luxo. Robert Downey que finalmente regressou com um grande papel, e Mark Ruffalo e Jake Gyllenhaal (Donnie Darko é um dos filmes da minha vida), que são na minha opinião, dois dos melhores actores da sua geração.
Não é uma obra-prima,(continuo a preferir "Fight Club") mas é seguramente um grande filme.
Um abraço

Cataclismo Cerebral disse...

Blueminerva: Pois é , também continuo a preferir o Fight Club, mas este não é nada de se deitar fora, como deixas bem claro no teu comentário. Fincher é sempre uma aposta segura para a realização de grandes obras.

Um abraço