quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O Percurso de um Filme...

A rapidez com que o filme "A Rainha" foi comprado pela nossa televisão pública, que o irá exibir já este Domingo, coloca algumas questões pertinentes relativamente ao actual percurso que os filmes trilham. É sabido que estamos em vésperas do 10º aniversário da morte da Princesa Diana, tornando-se relevante a exibição da fita de Stephen Frears, mas pergunto-me se tal decisão não será prejudicial para o trajecto comercial de um filme que, ainda recentemente, saiu em DVD. Claro que esta questão não interessa às televisões (que apenas querem obter os direitos de exibição dos títulos e transmiti-los quando bem lhes apetecer) nem aos espectadores (que saem obviamente a ganhar com estas decisões, pois neste caso podem ver uma obra muito recente e premiada pela Academia de Hollywood). Mas penso no tal percurso dos filmes: após a sua conclusão, são incluídos (ou não) nos circuitos dos festivais de cinema; se algumas distribuidoras se mostrarem interessadas, são comprados e lançados nas salas; após sairem destas, segue-se a inevitável edição em DVD para aluguer em videoclubes; poucos meses depois formula-se o DVD para ser comercializado nos diversos pontos de venda. Entretanto, foram apresentados em "feiras" exclusivamente dedicadas aos negócios da programação televisiva (as tais onde se podem adquirir também séries, formatos de entretenimento,...), onde as inúmeras estações de televisão de todo o mundo vão seleccionar e comprar os seus conteúdos. Esta trajectória é fundamental para a vida das obras, principalmente para os filmes independentes que vivem não só do sucesso comercial nas salas, mas sobretudo de todas as etapas do processo. Acredito que se deve explorar ao máximo as potencialidades de cada fase. Ainda para mais, numa altura em que o cinema não vive os seus melhores dias em termos económicos, creio que estas estratégias devem ser muito bem pensadas e amplamente discutidas...

5 comentários:

Daniel disse...

A resposta talvez esteja no aumento da entropia do sistema. Isto é, o que falta não é propriamente fazer filmes, o que falta mesmo é a divulgação dos filmes a todas as pessoas. Falamos de Hollywood ou de qualquer outro sítio, de Lisboa, ou do Porto, ou de Setúbal, ou Almada, ou Aveiro, ou Coimbra... mas ninguém fala de Santiago do Cacém, ou de Carrazeda de Ansiães, ou de Mértola. O problema, tal como no sistema capitalista, é que o capital, a matéria-prima, o produto bruto, não circula. E assim se perpetuam as assimetrias culturais: quem quer fazer algo pela vida tem que ir parar às grandes metrópoles ou então é um completo desconhecido. E é isso que está mal. Mais de metade dos seres com ideias verdadeiramente originais se perdem por não terem onde aplicá-las... e por isso é que é importante a descentralização da cultura, para não só levar o que é belo às pessoas como também para que possam compreender que elas próprias podem criar coisas belas, coisas que podem ser contempladas por todos.

Anônimo disse...

bem visto...n tinha associado a transmissão do filme ao aniversário da morte da princesa. eu acho que é mt cedo p dar na tv, isso é um facto.

Betty Coltrane disse...

Sim, de facto também me surpreendeu... mas nem liguei muito a isso, porque o vi na televisão também, no lusomundo. Pensando melhor... Q'ésta m**** pá! Ando eu a pagar pa ver os filmes antes dos outros e agora vêm-me estragar o esquema? hehe... Enfim.... possível tema para tertúliarmos! :D

Gonçalo Trindade disse...

Creio que este circuito não é discutido nem analisado tanto quanto deveria ser. Essas feiras dedicadas ao comércio de filmes e séries deveriam ser mais publicitadas e mostradas. Este circuito é ainda um pouco obscuro.

Maria del Sol disse...

Perdi este verdadeiro achado na televsão pública devido ao meu regresso tardio do Algarve, mas não faz mal, outras oportunidades virão. É bom estar de volta à blogosfera e às tuas sugestões interessantes :)

Baci!