Perigo a Alta Velocidade
Orá cá está um verdadeiro melting pot de referências: a nova empreitada de Quentin Tarantino, integrada no conceito Grindhouse, vai beber influências a obras como Duel, Terror na Auto-Estrada (o vilão enquanto personificação absoluta do mal que anda à solta), Psycho (introdução de novas personagens a meio do filme), The Vanishing Point e séries como The Dukes Of Hazard. Tarantino em modo de criador de vinhetas copistas? Infelizmente, confirma-se!
A premissa é básica: um stuntman diverte-se a perseguir e atormentar raparigas, no seu potente carro totalmente à prova de morte. O que ele não conta é com o poder feminino que a determinada altura o irá confrontar com as suas próprias brincadeiras de estrada. A vingança é doce e é servida a alta velocidade por um sexo oposto em enraivecido . Death Proof faz a devida homenagem aos célebres filmes chunga Grindhouse, aqueles que eram exibidos em cinemas de má fama, para públicos não muito exigentes e a horas pouco aconselháveis. Temos então transposto o formato dessas películas: imagem desfocada de tempos a tempos, as propositadas falhas de som, passagens de planos algo confusas e uma estética suja e super-cromática.
As interpretações das The Girls são competentes, especialmente a de Zoe Bell (uma dupla de Hollywood, que substituiu Uma Thurman nas cenas arriscadas de Kill Bill), que nos deixa boquiabertos nas action sequences . Os intermináveis diálogos à la Tarantino, que indecentemente piscam o olho à cultura pop, não podiam deixar de marcar presença. O único problema é que estão em demasia (especialmente quando comparadas com as cenas de acção) e nalgumas alturas caem na redundância. Esta condição faz com que Death Proof demore a arrancar, a mostrar de facto as suas verdadeiras guelras. A banda sonora é um mimo atípico (como também já vem sendo habitual na filmografia do realizador), mas o filme falha em arrebatar.
Formalmente bem arquitectado, Death Proof desilude no entanto ao nunca exibir o golpe de asa que caracteriza o trabalho de Tarantino. Assim, e digo isto com uma boa dose de desencanto, este projecto resume-se a um entretenimento escapista, tecnicamente competente mas sem alma, auto-indulgente e com um desenvolvimento temático quase letárgico. Quanto a Kurt Russell, que se esforça por reinventar a energia das suas personagens de outros tempos, cabe-lhe o papel de bad boy de serviço. Com uma atitude hiper-cool, o seu stuntman tão depressa é um sádico, como a seguir chora desalmadamente quando as regras do jogo se invertem. Fica a triste sensação de que se deveria ter limado algumas arestas desta personagem algo desequilibrada... Planet Terror, o segmento realizado por Robert Rodriguez, estreia em Outubro.
Classificação: 3/5
9 comentários:
ja tinha feito alusao ao filme no meu blog, mas tu safaste sp melhor...nao teria usado outras palavras...bjo
quando vir logo falamos... =)
Precisamente o que penso e senti com o filme.
Abraço!
Bem ainda não vi... mas só um três?!?! :( Mesmo assim vou ver ;)! bjs
Só o poderei ver em dvd, dobragens espanholas manhosas estão fora de questão! :P
João: Não é o que esperava, não. Mas diverti-me com aquele delírio, isso sim :)
Niskas: Obrigado linda :)
Betty: Dp confrontamos opiniões ;)
Francisco: Sim, acho que temos a mesma opinião :)
Sonhadora: Sim, mais que três não consigo dar. Mas vê o filme. Cada cabeça sua sentença ;)
Maria: Assim sendo, o DVD deve ser a melhor opção :)
Bjs e abraços
Concordo com o que dizes, no entanto penso que essas "falhas" que apontas são de certa forma propositadas tendo em conta a circunstância. Se essas arestas fossem limadas, provavelmente não se encaixava tão bem na prateleira de série B (ou Z, como preferires). Notei tudo isso, mas continuo a achar o filme muito bom. Principalmente a personagem de Stuntman Mike, incongruente, logo, mal estruturada, logo, filme rasco... Não sei, se calhar estou a elevar demasiado o génio de Tarantino, mas penso que nada foi deixado ao acaso. Todavia, é como disseste, cada cabeça sua sentença.
Rosa: O meu problema com o stuntman Mike é que ele, enquanto personagem, ficou representado como um "boneco". As raparigas ainda têm alguma "profundidade" mas os desequilíbrios de Mike deixaram-me de pé atrás. Mas o filme é divertido e uma grande montanha-russa! Mais que isso é que não...
Bj
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