Amanhã à noite, na RTP2, Scorsese e Moretti!

SIC Notícias, 26 de Setembro

Heavenly Creatures - Amizade Sem Limites (1994)

Anjos e Demónios

Juliet e Pauline travam conhecimento na escola, na década de 50. Ambas são adolescentes e rapidamente se tornam as melhores amigas. Partilham o gosto pela literatura e pela criação desmedida de universos de pura fantasia. As raparigas sentem-se felizes por poderem contar com a companhia uma da outra e prometem que nunca se irão separar, mas essa amizade obsessiva não é bem vista pelas respectivas famílias, que receiam abalos a nível da moralidade. Os planos maquiavélicos virão ao de cima no momento em que a mãe de Pauline tenta acabar com aquela relação intensa. Realizado em 1994 por Peter Jackson, "Heavenly Creatures" consegue cruzar eficazmente uma história verídica com elementos oníricos e fantásticos. É um drama de grande fôlego emocional que foca a ingenuidade e a adolescência na era dos bons costumes e que aproveita ao máximo as capacidades interpretativas das suas então jovens actrizes: Melanie Lynskey e Kate Winslet. O título português é um desastre e não faz justiça ao sopro poético do original. Depressivo até mais não...

Classificação: 4/5

8/3/08, No Pavilhão Atlântico

Anorexia

É óbvio que a recente campanha italiana contra a anorexia é chocante, mas sinceramente é necessário um pouco de celeuma e provocação para despertar consciências, quer dos miúdos, quer dos graúdos. A Publicidade tem o poder de assumir este papel de responsabilidade social, tornando-se assim um veículo de extrema importância que não deve ser menosprezado. Actualmente já existe uma generalizada noção da doença e, bem ou mal, o indivíduo comum sabe listar as suas causas e consequências. Mas acho que é fundamental sair do plano teórico e observar directamente os efeitos devastadores da anorexia, por muitas crúas e brutais que sejam as imagens. Tiro o chapéu à rapariga que deu a cara pela campanha (por toda a sua coragem e frontalidade), ao fotógrafo Oliviero Toscani e à marca de roupa que assinou a iniciativa.

Prémio Para Pior Título Do Ano!

Em Portugal, "The Brave One" chamar-se-á "A Estranha Em Mim". Esta pirosa tradução parece-me mais adequada a um daqueles telefilmes sentimentalões e manipulativos, nunca a um filme protagonizado por Jodie Foster (por muito que tente espelhar a reviravolta vivida pela personagem dela). Estreia nas salas nacionais a 18 de Outubro.

The Royle Family

Que saudades desta série! Acompanhei esta família na SIC Radical, apesar da RTP2 tê-la exibido primeiro. É certo que passou ao lado de muito boa gente, mas quem a viu não a esquece...

Próxima Leitura - "Quem Quer Ser Bilionário?", Vikas Swarup

"Ram é um menino de rua. Vive em Dharavi, um dos subúrbios mais pobres da Índia. Um dia, decide participar no mundialmente conhecido concurso de televisão Quem Quer ser Milionário? e ganha! Para surpresa de todos, o modesto empregado de mesa, analfabeto, acerta em todas as respostas. A sua alegria logo dá lugar à injustiça. Acusado de ter feito batota é preso e só Smita Shah, uma jovem advogada, aceita ajudá-lo. Ele conta-lhe então as diferentes fases da sua sobrevivência na Índia do século XXI e como aprendeu, pela vida, as respostas àquele concurso. Um inesperado e surpreendente romance a misturar suspense, realismo social, drama e comédia".


P.S.: Diz-se que Danny Boyle, realizador de Trainspotting, está a planear realizar a adaptação cinematográfica.

O Carteiro De Pablo Neruda

Recomendo entusiasticamente o visionamento d' "O Carteiro de Pablo Neruda", que apaixonou plateias em todo o Mundo. Poucos previram o sucesso deste filme em 1994. Em Portugal então foi um marco: conseguiu o feito de estar em exibição mais de um ano em algumas salas. Passa amanhã, na RTP1, às 22h55.

Ten - Dez (2002)

No Mundo Das Mulheres...

Ora cá está um objecto cinematográfico tão radical e arrojado que até sinto dificuldade em classificá-lo em termos do seu género. E é precisamente essa indecisão que contribui ainda mais para o fascínio desta experiência de Abbas Kiarostami. O foco da acção reduz-se a um único local, o interior de um automóvel, onde uma jovem mãe iraniana é a condutora do veículo. Ao seu lado vão-se sentando inúmeras companhias, praticamente todas do sexo feminino. O Dez do título refere-se ao número de conversas que são abordadas, durante as inúmeras trajectórias que se percorrem. É delicioso que num espaço tão confinado se possa encetar maravilhosamente um retrato impressionante da actual condição feminina no Irão. As palavras assumem uma força e perturbação que deixará pouca gente indiferente, tudo sem esquecer o sufoco do “palco de acção”. É um projecto minimalista, condimentado com uma perspectiva voyeur que facilmente seduz, mas cuja mensagem e importância extravasa quaisquer delimitações formais. Consegue ser provocante, enervante, duro mas também terno e comovente, sem nunca esbarrar em simplismos dramáticos. Assustadora só mesmo a única personagem masculina do filme, o filho da protagonista, cuja violência verbal e comportamental deixam antever o tipo de personalidade que terá na idade adulta. Falso - documentário, reportagem ficcionada, seja qual for a designação que se lhe queira dar, a verdade é que Dez é um monumento cinematográfico que importa descobrir o mais rápido possível.

Classificação: 5/5

Diga lá outra vez !?!

Porque vale bem a pena!

"A Clockwork Orange - Laranja Mecânica", Hoje, RTP1, 01H15.
"Old Boy - Velho Amigo", Amanhã, RTP1, 01H50.

Debate à beira de um ataque de nervos

As imagens do infame debate levado a cabo pelo senador John Kerry, na Universidade da Califórnia, são brutais e ridículas, tudo ao mesmo tempo. Continuo a achar que não havia motivos para tal exagero por parte da acção policial. O debate era público e também é verdade que o interveniente se alongou no seu ponto de vista, chegando até a perder o fio à meada no seu raciocínio, mas daí a ser levado ao chão pelos polícias e ser atacado com um taser vai uma grande distância. A própria assistência ficou petrificada e embasbacada pelo ridículo da situação, aliás com toda a razão.

Memórias de Infância: Ladyhawke - A Mulher Falcão (1985)

Domingo, pelas 15h00, o canal Hollywood exibe um filme que marcou a infância de muito boa gente! Há muitos anos que não vejo esta fita de culto, por isso não sei dizer se envelheceu bem ou mal. O que sei é que o filme fez a delícia de todos os petizes (e graúdos) que o viram: a história de um casal amaldiçoado (ela um falcão durante o dia; ele um lobo branco durante a noite), que apenas se podia reunir fugazmente ao anoitecer e ao amanhecer, era um verdadeiro cocktail de fantasia e aventuras. O elenco inclui a bela Michelle Pfeiffer, Rutger Hauer e Matthew Broderick.

The Accidental Tourist - O Turista Acidental (1988)

Um Turista Na Vida

Macon Leary (William Hurt) é um escritor de livros de viagens para pessoas que não apreciam a confusão que as mesmas acarretam. Macon não tem grande paciência para a sua profissão e encontra-se profundamente desencantado com a vida, devido à trágica morte do seu filho. Ele e a mulher Sarah (Kathleen Turner) já não conseguem estabelecer uma relação saudável, pelo que apenas a ruptura parece ser a solução mais eficaz para ambos. Certo dia, Macon conhece Muriel Pritchett (Geena Davis), uma mãe solteira e excêntrica treinadora de cães, que lhe trará algum brilho e imprevisibilidade à sua vida cinzentona. Mas nem tudo será fácil para o escritor, pois a sua mulher regressa determinada a dar mais uma hipótese ao casamento. É hora do escritor avaliar o seu estado de espírito e decidir com quem quer reconstruir a sua existência despedaçada... Se há algo que sempre admirei no trabalho de Lawrence Kasdan, o realizador do filme, é a sua capacidade inegável de unir o mais dilacerante drama e tristeza com momentos de fino humor e ironia, sempre com uma excelente caracterização de personagens pelo meio (pelo menos era esse o método nos seus trabalhos mais antigos, já que agora o seu talento parece andar perdido nas ruas da amargura). Este "O Turista Acidental" não foge a esta "fórmula" e resulta numa comédia dramática com laivos de romance. Por muito estranha que esta definição seja, ela funciona às mil maravilhas, uma vez que os vários géneros estão perfeitamente enleados, criando uma narrativa inteligente, dinâmica, sedutora e muito bem interpretada. Nota final ao excelente desempenho de Geena Davis, que foi galardoada com um Óscar pelo retrato da sua Muriel.

Classificação: 4/5

Trailer de Funny Games

Já está disponível o trailer de Funny Games, o remake do filme de 1997 assinado pelo mesmo realizador, Michael Haneke.

Sessão Dupla de Sábado, na RTP2, às 22h40, com Woody Allen e Nanni Moretti

De Bestial a Besta

Esta polémica que envolve Scolari dá que pensar, mas não me refiro concretamente à questão do ataque ao jogador da Sérvia. Sim, foi uma atitude impulsiva que qualquer líder que se preze deve tentar evitar ao máximo, de forma a não perder a razão nem a autoridade para exigir o melhor dos comportamentos aos seus jogadores. Mas o que mais me chocou nisto tudo foi a atitude do público português, extremamente assustadora e injusta. Tendo em conta o resultado do jogo, é natural que os adeptos mais fervorosos se exaltem e mostrem a sua indignação; as grandes paixões vivem-se assim, intensamente. Mas também é verdade que tudo tem conta, peso e medida! Utilizar este contexto específico para manobrar ataques aguçados à pessoa de Scolari e para expressar a xenofobia latente, isso é que já considero nojento e degradante. Já sabemos que de bestial a besta basta apenas um fechar de olhos, mas permitam-me que diga que esta transição foi brusca e de proporções colossais. Tudo dirigido ao homem que até à pouquíssimo tempo era considerado o salvador da identidade portuguesa, pelo seu enorme contributo no universo futebolístico.

Cena De Culto - Birth (2004)

Freaks - Parada De Monstros/Aberrações (1932)

A Insustentável Beleza Do Ser

É uma proeza o facto deste filme conseguir transmitir uma mensagem tão interessante em apenas 64 minutos. Tudo se passa numa pobre comunidade circense, onde a maioria das pessoas que sofre com as mais variadas deficiências (nanismo, microcefalia e excesso capilar, só para deixar exemplos) convive com alguns denominados "normais". Hans, um simpático anão, apaixona-se por uma bela trapezista sem deficiências (mas de má índole) chamada Cleopatra. Esta apenas quer deitar as mãos à famosa herança de Hans, pelo que rapidamente se casa com ele e tenta matá-lo, recorrendo à ajuda de um frasco de veneno e do seu amante Hercules. Resta a Hans o companheirismo do seu grupo de "freaks" e uma lição muito bem dada a estes dois "normais" daquela comunidade. "Freaks" foi uma pedrada no charco na altura em que estreou, pois apresentava actores com deficiências mentais e físicas reais. O filme quase afundou a carreira do realizador Tod Browning, que foi rotulado de autor polémico, mas o culto que segue esta pérola é inegável. "Freaks" consta mesmo em inúmeras listas como sendo um dos melhores filmes de sempre. Mesmo tendo em conta as limitações técnicas da altura (o filme data de 1932), pode-se dizer que esta é uma perturbante obra-prima, cuja frescura e conteúdo temático continuam bastante provocadores e actuais. No final de contas, encerra-se uma mensagem admirável e pertinente àcerca do amor próprio, da auto-aceitação, do respeito e da contemplação da beleza interior que é passível de transparecer, seja qual for a "embalagem" que a envolve. Porque freaks somos todos nós...

Classificação: 5/5

Hoje, na RTP1,...

... pelas 22h15, destaca-se o regresso do "Prós e Contras", que se irá debruçar sobre o Caso Maddie.

Perto das 00h50 é a vez de entrar em cena o filme "Respiro", com Valeria Golino.

Desafio

Resposta ao desafio que me foi proposto pela Betty:

1) Pegar no livro mais próximo: Romances Completos Vol.I, Camilo Castelo Branco

2) Abri-lo na página 161: Ok...

3) Procurar a 5ª frase completa: "E disse-te: aquela planta valia menos antes de produzir uma flor".

4) Colocar a frase no Blog: Já está...

5) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo): Cumpri com o que é pedido.

6) Passar o desafio a 5 pessoas:

- A Glimpse of Magic
- Cinefolia
- The Last Chapter
- Lírio Azul
- Fim do Mundo

TOP 5 Jodie Foster

1) The Silence Of The Lambs - O Silêncio Dos Inocentes (1991)

2) The Accused - Os Acusados (1988)

3) Taxi Driver (1976)

4) Nell (1994)

5) Panic Room - Sala De Pânico (2002)

Memória Musical

No Comments

Diz a imprensa inglesa que os meios de comunicação social portugueses têm revelado falta de ética no que diz respeito ao Caso Madeleine. Isto vindo da imprensa mais sensacionalista e feroz do Mundo...

Madeleine

Independentemente das diversas teorias que existam àcerca do desaparecimento de Madeleine, a verdade é que este caso não deixa ninguém indiferente. Creio que estamos todos esperançosos de que novos indícios surjam rapidamente, de forma a que a investigação não perca o fio à meada e se possa chegar sim a uma conclusão. A multiplicidade de teorias e informações veiculadas pela comunicação social deixa-nos a todos bastante confusos; a cada dia, parece que surgem sempre novos dados, muitos deles dando a impressão de que não se encaixam em lado nenhum, tornando-se cada vez mais difícil construir uma linha de raciocínio plausível e segura. Devido a toda esta parafernália, é natural que uma expressiva fatia do público já se sinta cansada de acompanhar o caso e já só espere pelo desenlace. Não condeno essa atitude, longe disso. Mas uma recente notícia, fora das coordenadas policiais e familiares, pôs-me a pensar ainda mais neste caso: a notícia referia-se àquele que deveria ser o primeiro dia de escola da miúda, dia esse que todas as outras crianças e colegas quiseram assinalar rezando pela menina. Foi este contexto específico, esta lembrança de que Madeleine já deveria estar no seu país natal a iniciar o seu percurso escolar, que me deixou pensativo e ainda mais ansioso para que tudo se resolva o mais rápido possível. Para o bem e para o mal...

RIP Luciano Pavarotti (1935 - 2007)

Sábado, na RTP2,...

... às 22h40

The Anniversary Party - Um Casamento Atribulado (2001)

O Casamento Dos Meus Melhores Amigos

Um excepcional filme independente! A partir da união criativa entre os carismáticos Jennifer Jason Leigh e Alan Cumming (que assinam o argumento, protagonizam o casal central no filme e que se estreiam aqui como realizadores), cria-se um equilibrado melodrama com pitadas de humor, inteiramente rodado em vídeo digital. A narrativa resume-se ao dia de aniversário de um casal (comemoram 6 anos de casamento) que decide realizar uma festa em casa para marcar essa data especial, convidando os seus amigos mais intímos, colegas e vizinhos. Aquele dia é importante, já que assinala a perseverança de uma união que se recusa a ir pelo cano abaixo, sejam quais forem os contratempos. Ela é uma actriz cuja carreira já viu melhores dias; ele um escritor que se vai lançar agora no cinema como realizador, adaptando um dos seus romances. Os amigos chegam, as conversas brotam e sucedem-se as entregas dos presentes e rasgados elogios ao casal. O problema é que um presente em particular vai desencadear uma série de conflitos e desabafos entre todas aquelas pessoas, permitindo que se revelem como são e que demonstrem o que realmente sentem. Jennifer e Alan, grandes cúmplices fora da tela, cercaram-se de um elenco notável, todos seus amigos na "vida real", para dar vida a uma história com os contornos de neurose e sarcasmo típicos de um Woody Allen. As interpretações e a entrega de talentos como Kevin Kline, Gwyneth Paltrow e Jane Adams dão os condimentos exactos àquelas personalidades intrigantes e contribuem em larga escala para o clima de cumplicidade que é visível no filme. A realização, muito competente para uma primeira experiência, está imbuída de um realismo desconcertante, parecendo quase um curioso episódio de um reality show. É um projecto pouco conhecido, mas que merece definitivamente uma espreitadela!

Classificação: 4/5