Todos diferentes... Todos iguais...Se há filme que retrata de forma hilariante (mas também tocante) a teen angst e a vida escolar em plenos anos 80, então "The Breakfast Club" é um dos mais sérios candidatos a esse título. O realizador John Hughes nunca escondeu o fascínio que sente por esta faixa etária e o seu currículo comprova que criou obras verdadeiramente emblemáticas, que reflectem fielmente o estado de espírito daqueles que procuram o seu lugar no Mundo, sem querer copiar os padrões adultos. Neste filme de 1985, a genialidade do argumento está relacionada com a sua aparente simplicidade. Tudo se resume a um dia: 5 estudantes de um liceu americano são obrigados a cumprir uma detenção na biblioteca da escola, por mau comportamento, numa manhã de Sábado. A controlar-lhes os passos está o tirano director, que se encontra saturado da sua profissão e da rebeldia própria dos estudantes que lhe arruinam a paciência. O minimal grupo que está de castigo é constituído por personalidades muito diferentes, o que naturalmente irá gerar imensos atritos. Durante as horas de detenção haverá risos, choros, confrontos físicos e psicológicos e desabafos sentidos sobre a vida, o sexo, os esudos e as relações familiares. Mas as surpresas estão reservadas lá para o final do dia, quando todos se apercebem que se calhar as diferenças não são assim tão acentuadas e que até partilham muitos dos problemas que afectam a sua geração. Se bem que já tenham passado uns bons anos desde a sua estreia, "The Breakfast Club" continua extremamente fresco na sua recriação das problemáticas do complexo mundo estudantil e do intrincado universo adolescente. À superfície, é certo que cada personalidade corresponde a um estereótipo (temos nada mais nada menos que o Marrão, a Princesa, o Arruaceiro, o Desportista e a Excêntrica), no entanto Hughes não limita as suas esferas de acção nesses mesmo clichés e confere um tratamento humano muito respeitável às suas personagens, dando-lhes uma profundidade que é rara neste género de filmes. Estamos, de facto, longe do retrato pueril que contamina a ficção televisiva nacional sobre adolescentes ("Morangos Com Açúcar", por exemplo) e que sistematicamente os encerra em simplismos sociológicos e humanos que muitas vezes roçam o insulto. Aqui não há que recear estas "técnicas" redutoras: o filme mescla muito bem a parte cómica da situação com o lado mais dramático vivenciado por cada um daqueles jovens, proporcionando ao espectador diálogos deliciosos e pontos de vista com os quais nos podemos identificar. Sim, porque no nosso percurso escolar de certeza que fomos alguma destas personagens.
Classificação: 4,5/5